Coerência Textual

 


Levando-se em conta a complexidade dos textos e hipertextos, na contemporaneidade, a coerência textual implica uma ação de interpretação por parte do sujeito-leitor/ouvinte, capaz de ativar uma rede múltipla de processos sociocognitivos e interacionais para produzir sentidos. A ativação dessa rede de processos pode ser mais bem exemplificada por meio de textos que circulam socialmente, tal como o do cartaz “Seguro morreu de tédio”, afixado em um muro do espaço urbano, cuja compreensão demandará do sujeito o estabelecimento de relações entre o texto do cartaz e o provérbio popular “Seguro morreu de velho”; ou ainda, recorrendo ao discurso midiático, o título de matéria jornalística “Fátima abandona Bonner e vai fazer programa”, veiculado em um jornal carioca, em dezembro de 2011, cuja interpretação exigirá do leitor a capacidade de ativar conhecimentos de várias ordens – não somente linguísticos, mas semântico-sintáticos, pragmáticos, contextuais, socioculturais. A leitura de textos como os citados implica uma ação altamente colaborativa do sujeito, no sentido de mobilizar inferências que serão testadas na busca pela atribuição de coerência aos textos em questão.

A ideia de que a coerência textual (assim como o sentido) não se encontra a priori no texto, mas é construída na situação interlocutiva, considerando aspectos ligados às condições enunciativas, tais como: i) intenções e finalidades dos interlocutores; ii) lugares sociais e institucionais que ocupam e papéis que desempenham os interlocutores; iii) conhecimentos compartilhados pelos interlocutores em relação ao tema e a outros intertextos, ao nível de linguagem, ao gênero textual e em função do evento de interação discursiva.

Autor: Maria Angela Paulino Teixeira Lopes
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais-PUC Minas / Departamento de Letras