Coesão Textual

 


Um conjunto aleatório de palavras e mesmo de frases não constitui um texto. Ou seja, para que algum material linguístico possa ser reconhecido como texto e possa funcionar comunicativamente, são necessários certos critérios de organização desse material. Entre eles, a coesão consiste no encadeamento, na articulação, na sequenciação dos diferentes segmentos do texto, sejam eles palavras, orações, períodos, parágrafos ou blocos de parágrafos.

Por meio de diferentes recursos do léxico e da gramática, nexos, laços, elos vão sendo criados entre todos esses segmentos, de modo a promover – e permitir que seja reconhecida pelo ouvinte/leitor – a necessária continuidade do texto, que, por sua vez, promove a sua unidade semântica e a sua unidade pragmática.

Essa cadeia de nexos, ao longo do texto, se estabelece:

a) pelos recursos da reiteração (repetições, paráfrases, retomadas pronominais, retomadas por palavras sinônimas ou por hiperônimos);

b) pela associação de sentido entre as palavras do texto (palavras semanticamente afins);

c) pelo uso dos diferentes tipos de conectores (preposições, conjunções, advérbios e respectivas locuções).

Assim, tudo no texto está interligado, uma unidade dando acesso a outra, ligando-se a outra, anterior ou subsequente; nada está solto; nenhuma palavra está ali aleatoriamente ou por algum motivo que não seja a expressão dos sentidos e das intenções pretendidos. Dessa forma, a continuidade pretendida pela coesão textual não se justifica por si mesma; é, ao contrário, uma exigência da unidade global do texto, ou seja, uma das condições de sua coerência. Daí por que coesão e coerência – critérios fundamentais de qualquer texto – constituem propriedades textuais intimamente interligadas.

Autor: Irandé Antunes
Instituição: Universidade Federal de Pernambuco-UFPE / Centro de Artes e Comunicação / Departamento de Letras