Incentivando Leitura com Sinceridade

 


Como incentivar o hábito de leitura proficiente para alunos desprovidos de conhecimentos que envolvem a arte de ler?! Como justificar a importância da leitura num país onde bumbum, jogador de futebol, ator de novela e youtubers, se tornaram culturalmente sinônimos de inteligência e exemplo de superação?! Como justificá-la diante de uma tecnologia que eleva o índice de leitores funcionais, passivos, irreflexivos e inabilitados para interpretar e digerir a avalanche diária de conteúdo pré-mastigado?!

Visto, que adquirimos determinado conhecimento, quando conseguimos justificá-lo, seja para nós mesmos ou para outrem, creio que tais indagações necessitem de respostas personificadas e relacionadas à vida cotidiana desses alunos. Pois aprendi, que o conhecimento só pode ser justificado, quando emerge de determinadas realidades como um despertar.

Ou seja, creio numa atividade de incentivo à leitura, pontuando e promovendo um diálogo sincero, abastecido de conhecimentos que dissolvam paradigmas negativos do hábito. Uma atividade sem sinais de livropsicopatia ou lirismo insanamente exacerbado e redundante sobre literatura. Do contrário, é preciso aceitar o tédio, o repúdio e o esforço desinteressado desses alunos.

Creio na sinceridade como argumento, não como estratégia! Argumento que consiga surpreender, engajar e despertar a percepção para o processo de apreensão e significação de que o prazer não está na leitura, mas naquilo que aprendemos através dela!

Se alunos ouvissem que a “Leitura” é uma atividade cansativa, tediosa e essencialmente desagradável como cruzar um oceano de páginas num pequeno barco a remo, onde cada remada é um esforço acompanhado pela dor no pescoço, nas costas e nos olhos, e que na sua essência, leitura não é sinônimo de livro ou literatura! Certamente, teríamos alunos com os olhos honestamente arregalados e ouvidos abertos para ouvir, que na verdade, leitura se trata de um esforço que os tornará capazes de lidar com uma realidade de alternativas infinitas e opções limitadas, com questões sem resposta, com recursos escassos e tempo curto. Estarão abertos para ouvir a desconstrução de conceitos que elitizam o hábito, que conscientizem sobre o poder da leitura na história da humanidade, que forneçam estratégias e viabilizem o despertar para essa ação tão fundamental na formação de si – mesmos.

Sinceramente, não prometo que ao final da atividade todos serão amantes dos livros, mas garanto que farão leituras de seus relacionamentos sociais e afetivos em busca de compreensão e interpretação de atitudes mais competentes; que farão leituras de notícias, novelas, filmes, seriados e músicas com outros olhos e ouvidos.